A Teoria Semiótica
preocupa-se em entender o que o texto diz e como ele faz para dizer o que diz.
Segundo Fiorin, os textos são narrativas complexas e neles uma série de
enunciados de fazer e de ser estão organizados
hierarquicamente estruturando-se numa sequência canônica que compreende quatro
fases:
1. Manipulação: Consiste em uma personagem induzir a outra a fazer alguma coisa.
O manipulador pode usar as seguintes formas de
manipulação:
Tentação: Oferecer
algo a personagem.
Intimidação: Intimidar
a personagem impondo algo.
Sedução: Exaltar
o ego através de elogios.
Provocação: Provocar
o personagem ao ponto de levá-lo a fazer a ação.
2.
Competência: Fase que o sujeito do
fazer adquire um saber e um poder.
3.
Performance: É a própria ação,
executada pelo sujeito manipulado.Nesta fase há sempre uma relação de perda e
ganho.
4.
Sanção: O sujeito do fazer irá
receber um castigo ou uma recompensa da ação feita.
Para ficar mais clara a teoria Greimasiana,
exemplificaremos as quatro fases com base no texto "A
Princesa e o Dragão":
A princesa e o
Dragão
A filha do rei era muito bela. Certo dia um dragão raptou-a,
levando-a para sua caverna. Desolado, o rei, já avançado em anos, recorreu a um
príncipe, generoso e forte e lhe delega a incumbência de libertar a filha. No
dorso de impetuoso cavalo, sai o príncipe com pressa de resgatar a princesa.
No caminho, uma velha maltrapilha, sentindo-se perdida,
roga ao príncipe que a leve de volta para casa. Movido pela bondade do coração,
ainda que angustiado pela pressa, o príncipe desvia-se do caminho e conduz a
pobre velha ao lar. Eis que, ante os olhos surpresos do príncipe, a velha
revela-se como uma bela fada de aves transluzentes. Enaltecendo a generosidade
do caráter do heroico cavaleiro, indica a caverna do dragão, presenteia-o com
reluzente espada de ouro advertindo-o de que somente com aquele instrumento
conseguiria cortar a cabeça do dragão. Junto com a espada, a bondosa fada lhe
dá uma ânfora de prata, cheia de uma poção capaz de torná-lo invisível.
Seguindo as indicações da fada, o príncipe atravessa a floresta
povoada de perigosas feras e, sem ser visto, penetra na caverna do dragão,
decapitando–o com um só golpe de espada.
Salva a bela princesa, o generoso cavaleiro devolve–a para o
rei, que, reconhecido, dá-lhe a mão da princesa e faz dele seu sucessor.
A manipulação ocorre no primeiro parágrafo, onde
o Rei apela para a generosidade do cavaleiro e lhe atribui o dever de salvar
sua filha. De forma muito inteligente o Rei consegue induzir o cavaleiro a
fazer o que ele queria, pois, conhecendo seu caráter generoso sabia que ele não
recusaria o pedido.
Em seguida, no segundo parágrafo, o cavaleiro ao ajudar a
fada, consegue adquirir a competência necessária para realizar sua ação, a
fada diz o local da caverna e lhe presenteia com uma espada de ouro, aqui, ele
adquire o saber e o poder.
Ao decapitar e
libertar a princesa, executando de fato o que queria fazer, o cavaleiro realiza
a performance.
Salvando e entregando a princesa ao rei, recebe uma boa recompensa, a
mão da princesa e ainda se torna o sucessor do rei, nessa parte da história acorre
a sanção.
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