Linguística Textual
A linguística textual
analisa os fatores linguísticos e pragmáticos do texto, sendo eles: intencionalidade,
informatividade, intertextualidade, situcionalidade e aceitabilidade.
Intencionalidade: está relacionada ao autor (objetivo ao escrever).
Aceitabilidade: é a cooperação com os objetivos.
Informatividade: são informações que o leitor consegue prever e as imprevisíveis.
Intertextualidade: presença de um texto dentro de outro texto, Ex: A música “Monte
Castelo” da banda Legião Urbana cita a passagem bíblica de I Coríntios 13:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou como o signo que tine...”.
Situcionalidade: época, quando, onde, local. Contexto socioeconômico ->
autor/leitor.
Apartir do texto a seguir de Rubem
Braga, faremos a análise sob o ponto de vista da Linguística Textual.
Recado ao senhor 903 - Rubem Braga
Vizinho – Quem fala
aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que
me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu
apartamento. Recebi depois a sua própria visita pessoal – devia ser meia-noite –
e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo
isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o
fosse, o senhor teria ainda ao seu lado a Lei e a Polícia. Quem trabalha o dia
inteiro tem direito ao repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há
vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o
1003 se agita; pois como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos
reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros.
Eu, 1003, me limito a Leste pelo 1005, a Oeste pelo 1001, ao Sul pelo Oceano
Atlântico, ao Norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 – que é o
senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano
Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois
apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua. Prometo
sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento
de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão, ao meu número)
será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das
22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527
de outra rua, onde ele trabalha na sala 305. Nossa vida, vizinho, está toda
numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não
incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus
algarismos. Peço-lhe desculpas – e prometo silêncio. Mas que me seja permitido
sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e
dissesse: “Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui
estou.” E o outro respondesse: “Entra, vizinho, e come de meu pão e bebe de meu
vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é
curta e a lua é bela”. E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre
os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho
das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade
entre os humanos, e o amor e a paz.
Análise
Será feita a
análise do presente texto sob o ponto de vista da Linguística textual,
abordando os fatores pragmáticos: intencionalidade, informatividade, intertextualidade,
situacionalidade e aceitabilidade.
Em relação ao
fator intencionalidade, pode-se afirmar que o texto do Rubem Braga pretende
emocionar e levar o leitor a refletir sobre a relação de humanização que
deveria existir entre as pessoas, no trecho “ficamos reduzidos a ser dois
números, dois números empilhados entre dezenas de outros” identificamos como
nossas relações com as outras pessoas estão cada vez mais impessoais e distante.
A
informatividade contida no texto é previsível até a palavra “silêncio”, pois
não há nada que nos impressione até este ponto, porém, a partir da conjunção
adversativa o autor apresenta uma informação imprevisível ao expor uma ideia
totalmente contraria a realidade, a presença de informações previsíveis e imprevisíveis
feitos por Rubem levam o texto a ter um bom grau de informatividade.
Em seguida
encontramos a intertextualidade, por exemplo, na frase “Come de meu pão e bebe
de meu vinho” originalmente escrito na Bíblia.
A
situacionalidade da crônica do Rubem Braga encontra-se na coleção do livro
“Para gostar de ler”.
Há aceitabilidade
da parte do leitor, pois é um texto de fácil compreensão, o receptor dessa
forma consegue colaborar com o objetivo de seu produtor.
Portanto a linguística deu conta de
analisar o texto.
Ferdinand Saussure
Considerado como pai da
Linguística, Ferdinand Saussare (1857 – 1913), neto do botânico Nicolás
Théodore de Saussare e bisneto do naturalista Horace Bénedict de Saussare,
investigou a construção lógica da linguagem. Professor de línguas Indo –
Européias e Sânscrito em Genebra desde 1891. As ideias póstumas de Saussare são
consideradas como um divisor de águas no estudo científico da linguagem; ao
considerar a língua como sistema bem organizado. Estabeleceu ainda a distinção
entre métodos de investigação sincrônicas, que estudam a língua num determinado
ponto de sua evolução, e diacrônicas, que a analisam no percurso da história.
Definiu o signo linguístico como a união da forma física ou “significante” com
a imagem psíquica ou “significado”.
Super interessante! Gostei, parabéns!!
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirProfundo e simples ao mesmo tempo. Show!
ResponderExcluirMuitos obrigada!
ExcluirShooow 👏 👏 👏 👏
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirSuper bem explicado e bem fácil de compreender.
ResponderExcluirMuito obrigada!
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